Descrição
A castanha desfrutou de um papel significativo na alimentação em Portugal, especialmente nas regiões transmontanas e beirãs até o século XVII, enquanto no sul a bolota também era comum. Nas áreas onde
o Castanheiro era abundante, como na região transmontana, a castanha era o alimento principal. Um exemplo
é a área da Padrela, entre Carrazedo de Montenegro, Vila Pouca de Aguiar e Chaves, que possui a maior concentração contínua de soutos na Europa, produzindo mais de 12 mil toneladas de castanhas anualmente. Vinhais é o município líder na produção nacional de castanhas, com uma média anual de 8 mil toneladas, movimentando 25 milhões de euros na economia. Ao sul, a castanha é encontrada apenas na Serra de S. Mamede, na região de Marvão.
Utilizada na alimentação desde tempos pré-históricos, a castanha tem suas origens prováveis na Ásia Menor, Balcãs
e Cáucaso, acompanhando a civilização ocidental há mais de 100 mil anos. Juntamente com o pistache, era uma fonte importante de calorias para os homens pré-históricos, que também a utilizavam na alimentação dos animais. Gregos e romanos armazenavam castanhas em ânforas com mel silvestre, realçando seu sabor. Durante a Idade Média, monges e freiras frequentemente incluíam castanhas em suas receitas, e naquela época, a castanha era moída, tornando-se um dos principais alimentos farináceos da Europa. No entanto, com a introdução do milho e da batata
da América do Sul, a castanha perdeu sua importância na alimentação. Felizmente, nos últimos anos, seu consumo
foi recuperado e reintegrado na gastronomia, deixando de ser sazonal, combinando-se com produtos como porco, cabrito e pato. Além de serem ricas em nutrientes como carboidratos, fósforo e triptofano, as castanhas contêm quantidades significativas de minerais essenciais para o organismo. Com baixo teor de gordura e alto teor de água, podem ser consumidas moderadamente, fornecendo cerca de 140 kcal por cada 100 g. Para desfrutar de todas as suas qualidades, sugerimos este produto, ideal para refeições em família, enchendo a casa com um aroma outonal acolhedor. A conexão entre castanhas e porco bísaro, descendente do javali europeu, reflete a continuidade da agricultura tradicional, onde esses produtos sempre estiveram associados. O porco bísaro é conhecido por sua adaptabilidade alimentar e excelente qualidade de carne, fundamentais para sua preservação como raça.
Este é um desafio gastronômico envolvendo dois ícones da culinária portuguesa.